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A pergunta de pesquisa é o “coração” do trabalho científico, aquilo que queremos descobrir. A pergunta de pesquisa orienta todo o trabalho, ou seja, este gira em torno dela: o referencial teórico, o estado da arte, o referencial metodológico, a estratégia metodológica em si, a discussão dos resultados, etc.
Precisa representar uma contribuição original ao conhecimento e ser relevante para a comunidade científica (e para a sociedade em geral).
Portanto, é indissociável da lacuna no conhecimento existente. Se é o que queremos descobrir e precisa ser uma contribuição nova, ela é o conhecimento que a lacuna acusa como sendo inexistente ou incerto ainda. Isso, por sua vez, conecta a pergunta a um domínio mínimo do Estado da arte.
A origem da pergunta pode vir de diferentes fontes e sofrer influência de outros fatores além do conhecimento e consciência sobre uma lacuna no conhecimento:
- Problemas práticos cuja solução depende de conhecimento ainda não existente;
- Interesses pessoais da pesquisadora;
- Disponibilidade de dados e/ou instrumentos;
- Incentivos de financiamento;
- Sonhos, insights ou inspiração de qualquer natureza;
Precisa ser específica, delineando bem os fenômenos de estudo e os recortes (temáticos, temporais, etc.) adotados. Perguntas muito gerais dificultam seu tratamento e, provavelmente, não permitirão respostas satisfatórias, com bom nível de rigor e confiabilidade. O desafio é alcançar um bom nível de abstração. Nem muito abstrato, o que tende a se tornar vago, nem muito específico e concreto, o que tende a tratar de casos particulares, e não de fenômenos de interesse.
Como chegar ao nível de especificidade? Uma maneira seria pensar: quero que a pergunta seja o mais abrangente possível (o que tende a gerar resultados mais relevantes e que interessam a mais pessoas), por um lado, mas dentro dos limites do que eu posso estudar com um nível alto e adequado de rigor (não necessariamente o máximo, pois há um tradeoff, ou diminishing returns no esforço que a gente investe no rigor), por outro.
Cada trabalho deve fazer apenas uma coisa, isto é, responder uma pergunta (correspondente a um objetivo geral), ainda que essa única coisa possa ser mais ampla ou mais específica. Caso seja ampla, seus componentes (ou sub perguntas ou objetivos específicos) devem fazer parte e ser coerente com a pergunta ou objetivo gerais.
Qualquer que seja a origem da pergunta, ela sempre deve representar uma contribuição ao conhecimento coletivo já existente (lacuna), e ser para a comunidade científica.
A natureza e o conteúdo da lacuna encontrada na literatura determinam a natureza e o conteúdo da pergunta de pesquisa adotada.
Características desejáveis de pergunta de pesquisa
Outras características desejáveis da pergunta de pesquisa, além do originalidade e relevância, são:
- Especificidade
- Falsificabilidade: permitir mostrar que uma teoria não é correta, ou diferenciar entre diferentes possíveis respostas à pergunta.
- Clareza: o que os termos significam? Há ambiguidade? Está vaga?
- Possibilidade de ser operacionalizada: ou seja, que possa ser objeto de estudo empírico ou intelectual sem levar a confusão ou argumentos excessivamente vagos. Que possa ser descrito, medido, observado, visto, ouvido, capturado de alguma maneira.
- Viabilidade
- Fecundidade, no sentido de abrir novas possibilidades de pesquisa, em vez de se esgotar rapidamente.
- Caráter ético.
A relação entre a pergunta de pesquisa e a metodologia
A pergunta de pesquisa orienta a estratégia metodológica:
- a definição da amostra ou objeto de estudo.
- a coleta dos dados.
- a escolha dos instrumentos de pesquisa.
- o design do experimento.