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Há, na pesquisa científica, diversos formatos e tipos de perguntas de pesquisa. No GP Urbanidades, distinguimos quatro tipos principais que nos ajudam a esclarecer o tipo de trabalho que precisamos desenvolver, as lacunas que lhes dão origem e os métodos necessários para respondê-las com rigor. Essas perguntas são:
- Descritivas
- Explicativas
- Avaliativas
- Prescritivas
A seguir fazemos uma breve síntese introdutória sobre cada uma delas.
As perguntas descritivas buscam caracterizar rigorosamente um fenômeno, desdobrando-o em suas partes constituintes e criando maneiras de representar ou “captar” essas partes ou aspectos de uma maneira relevante para entendê-lo e compará-lo com outros fenômenos ou com diferentes níveis ou intensidades do mesmo fenômeno. Normalmente, só se justificam quando duas condições são atendidas: a) essa descrição é relevante e ainda não foi feita pela comunidade científica ou as descrições existentes são frágeis e/ou defeituosas a ponto de trazer prejuízos para os trabalhos sobre o tema ; e b) trata-se de um fenômeno de difícil descrição, que realmente justifique o investimento de tempo e energia de uma pesquisa científica para ser viabilizado. Ou seja, meras caracterizações facilmente realizadas por questionários ou pesquisas de opinião, apesar de serem trabalhos descritivos, não justificam uma pesquisa científica.
As perguntas explicativas buscam explicar o surgimento de um fenômeno em termos dos fatores que os influenciam ou causam. São provavelmente o tipo mais comum - e também o mais importante - de pergunta de pesquisa na Ciência. Possuem uma estrutura do tipo: - O que causa X? - Y possui alguma influência em Y? - A influência de X sobre Y passa por Z?
Essas perguntas são importantes porque nos permitem entender como o mundo funciona. Isso, por sua vez, nos permite navegar melhor nele e intervir mais adequadamente para melhorar nossas condições de vida.
Abordaremos os aspectos específicos e as complicações inerentes às perguntas explicativas mais abaixo.
As perguntas avaliativas buscam caracterizar o desempenho ou adequação de um objeto de estudo (leis, políticas, sistemas, métodos, protocolos, indicadores, etc.) frente a um conjunto de critérios. Envolvem, portanto, necessariamente a atribuição de juízos de valor (melhor, pior, mais ou menos adequado, mais ou menos desejado, etc.) o que, por sua vez, introduz uma complicação: uma vez que valores são subjetivos e relativos, quais valores serão usados na avaliação? Valores de quem? Como compatibilizar diferenças de valor entre grupos sociais diferentes para chegar a um julgamento conclusivo?
As perguntas prescritivas envolvem a recomendação de uma solução para um problema, que pode ser de diversas naturezas: diretrizes, recomendações, métodos, medidas, instrumentos, objetos, normas, planos, políticas, etc. Partem de uma lacuna do tipo: - Como X poderia / deveria ser? - Como poderíamos melhorar X? - Como deveríamos enfrentar o problema X?
Esse tipo de pergunta é, possivelmente, o mais complicado. Isso acontece porque, entre (muitos) outros motivos, trazem embutidas questões descritivas, explicativas e avaliativas. Descritivas porque todas as partes da solução proposta precisam ser operacionalizadas, isto é, descritas de alguma maneira que possa ser manipulada no âmbito da pesquisa. Explicativas porque cada alternativa considerada precisa ser analisada em função das suas implicações: se optarmos por essa alternativa, o que aconteceria? E se optarmos pela outra? As respostas a essas perguntas dependem de explicações causais. Também envolvem avaliação e julgamento de valores, pois uma solução deve ser escolhida entre diferentes alternativas, e isso só é possível com base em valores que orientem as trocas (tradeoffs) a serem realizadas entre cada uma delas, isto é, o que ganharíamos e o que perderíamos com cada uma delas, e quais trocas valem a pena. Por isso, herda dos demais tipos de perguntas todas as suas complicações.